Depoimento do Sr. Levi Lafetá, ex-Conselheiro do Clube de
Regatas Vasco da Gama, ocorrido em Brasília, no dia 21 de fevereiro de
2001, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a
investigar fatos envolvendo associações brasileiras de futebol.
O Sr. Levi Lafetá, 56 anos, é sócio do Clube de Regatas Vasco da
Gama há 36 anos. Foi candidato à presidência em 1985, época em que fez
composição com o Sr. Antonio Calçada com a finalidade de derrotar o Sr.
Eurico Miranda, terceiro candidato naquele ano. Esperava receber o cargo de
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vice-Presidente de futebol oferecido ao Sr. Eurico Miranda pelo Presidente
eleito.
Ele acredita que o processo eleitoral do Vasco da Gama não é
democrático. O estatuto do clube, segundo ele, é uma farsa e, em todo
momento, é desrespeitado pela diretoria. Os eleitores são forçados a votar em
determinado candidato, muitas vezes recebem cheques da Tesouraria do Clube
para quitarem as contribuições em atraso e, assim, ganham a habilitação para
votar. Mesmo quando acionado, o Poder Judiciário não age porque as
decisões da diretoria foram ratificadas pelos conselhos da Instituição.
O Sr. Levi Lafetá fez conhecer que, enquanto Conselheiro do Clube,
não aprovou nenhum balanço, e, desde 1982, tem impetrado ações na justiça
para descobrir para onde vai o dinheiro das vendas de jogadores.
Revelou que o Sr. Eurico Miranda sempre se faz acompanhar pelas
seguintes pessoas: Sr. José Leopoldo Felix de Sousa, Dr. Paulo Reis - que
costuma desempenhar, na diretoria, várias funções ao mesmo tempo -, Sr.
João da Silva – eterno Presidente da Assembléia Geral -, Sr. Geraldo Teixeira,
Sr. Marcos Antônio da Purificação e Dr. João Carlos Ferreira.
Admitiu que tem ocorrido utilização de caixa dois no Clube desde
1979, quando a União Vascaína foi vitoriosa. Segundo ele, ninguém toma
providências e a própria Justiça alega que o estatuto do Clube está sendo
respeitado.
CONFIRA:
Publicado em sábado, 28 de outubro de 2000 às 00:17 Histórico
Ex-conselheiro 'entrega' Eurico Miranda
Da Redaçao
Com Agências
Com Agências
Um advogado carioca e ex-conselheiro do Vasco denuncia: o clube carioca mantém 'caixa 2' para encobrir parte do dinheiro das negociaçoes. Levi Lafetá acusa Eurico Miranda de enriquecer com negócios ilícitos no esporte. Ele é conselheiro do Vasco e foi advogado de Bebeto na época da transaçao para o La Coruña, em 1992. Além de acusar Eurico Miranda e o Vasco, Lafetá enviou ao Senado a cópia da ata da reuniao - de 5 de janeiro de 1994 - do Conselho Deliberativo do clube.
Consta da ata que o presidente da diretoria administrativa, Antônio Soares Calçada, instruiu o contador para colocar à disposiçao do Conselho toda a documentaçao do clube, até extratos de contas correntes e dados "extra-caixa" - nome que eles criaram para o "Caixa 2", segundo Levi.
O senador José Eduardo Dutra (PT-SE), da CPI do Futebol, viu o documento e disse que tudo precisa ser investigado. "É lógico que tem de ser comprovada sua veracidade, mas isso pode explicar o porquê do Eurico Miranda batalhar tanto para que a CPI nao investigue o Vasco. É mais um motivo para que ele venha depor na Comissao", sugere.
Dutra lembrou que a ata pode significar o primeiro passo para a quebra dos sigilos bancários do Vasco e de Eurico Miranda. "Temos de investigar a fundo. Já existem indícios de irregularidades", afirma o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).
Levi está disposto a ir à CPI para detonar denúncias contra Eurico. "Ele começou como preparador físico e está com uma fortuna absurda, adquirida com negociaçoes de jogadores", acusa. O advogado disse que a primeira vez que Eurico ganhou dinheiro com transaçao de atletas foi quando Dunga passou pelo clube, em 1987. "Sou sócio do Vasco e, um dia, perguntei para ele onde estava o dinheiro da venda de Dunga. Nao obtive resposta", garante.
Levi participou da transaçao condenada pelo BC em que o Vasco vendeu o passe de Bebeto para o La Coruña. Segundo o advogado, o Vasco lucrou US$ 2,5 milhoes, mas declarou à CBF e à Receita Federal apenas a metade.
Na quarta-feira, o deputado reagiu ao requerimento aprovado pela CPI pedindo seu depoimento. "Nao vou. Isso é um problema sexual do presidente da CPI do Senado e de alguns membros", reagiu.
Eurico será um dos alvos principais da CPI do Senado. Vários membros estao interessados em uma devassa nas contas do dirigente e do Vasco. Líder de uma tropa ligada a clubes e Federaçoes, Eurico barrou a investigaçao dos clubes na Câmara. No Senado, porém, a situaçao parece bem diferente.
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